sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

De feirante a jogador, potiguar sonha com Europa e se espelha em Pirlo.

(Foto: Gabriel Peres/Divulgação)
A sonho de calçar uma chuteira, pisar no gramado de um estádio e correr com uma bola no pé empolga qualquer pessoa. É dessa forma que muitos jovens tentam subir na vida e dar o sustento às suas famílias, como aconteceu com o potiguar Herbton Ferreira da Silva, de 20 anos. Natural da cidade da Arez, distante a 58 km de Natal, ele começou a jogar bola aos 10 anos e, desde então, nunca mais parou. Por ser o único representante da sua cidade no Alecrim, clube que vai disputar o Campeonato Potiguar e a Copa do Brasil 2015, o jogador é chamado pelos companheiros de "Arez".A vida de jogador, porém, é cheia de altos e a baixos. Após o estadual de 2014, Arez precisou aumentar a renda salarial em casa e foi trabalhar com o pai, "Seu" Antônio Luiz, que aluga bancas nas feiras da cidade natal. Sem clube para jogar, o jovem trabalhava carregando as mesas de madeira, nas quais são vendidas carnes, frutas e verduras todos os dias. O aluguel, por feira, custa em torno de R$ 500, mas ainda é repartido para outras pessoas, que trabalham com Arez e o pai na função de ajudantes.
Em 2015, Arez, que joga na posição de volante, tem mais uma chance de mostrar que não é bom somente no comércio, mas no futebol. No dia 1º de fevereiro, o jovem jogador vai estar com a equipe do Alecrim em campo contra o Corintians-RN. O jogo está marcado para o Estádio Iberezão, em Santa Cruz, e Arez quer mostrar ao treinador Anthoni Santoro que pode ser o dono da camisa 5 alviverde.
- É meu sonho jogar futebol. Fui chamado para vestir a camisa do Alecrim mais uma vez e vou mostrar que tenho potencial para isso - disse.
Arez já conquistou um título pelo Alecrim. Foi em 2013, quando levantou o troféu do Campeonato Potiguar Sub-20, que garantiu ao Verdão uma das vagas na Copa São Paulo de Futebol Júnior de 2014. A experiência em participar de um torneio nacional foi importante para o amadurecimento na profissão.
- Eu me senti muito bem com aquele título. Fiz gols durante o estadual sub-20, que me ajudaram a ganhar mais tranquilidade para ajudar os meus companheiros. A prova foi que conquistamos o estadual e fomos disputar a Copa São Paulo, com os melhores times do país - recordou.

DE FEIRANTE A JOGADOR DE FUTEBOL

O município de Arez é conhecido pelas grandes plantações de cana de açúcar e também se destaca na produção de hortifrutigranjeiros, abastecendo grande parte da região metropolitana de Natal. Herbton é o responsável pelo aluguéis das bancas e distribui, junto com outros ajudantes, as mesas na feira.
- Eu gosto porque é um trabalho digno. Trabalhamos alugando as bancas, umas seis por feira. Às vezes, alugamos mais. O dinheiro é bom, dá uns R$ 500 por feira, mas ainda tem que dar aos ajudantes, que são uns cinco por feira - contou.
O jovem revela que o dinheiro que consegue com o futebol investe na família e na casa onde mora com os pais, mas faz questão de ressaltar que o salário não chega a ser de astro do futebol internacional.
- Futebol dá para tirar um bom salário. Eu não ganho milhões como outros jogadores, mas consigo ter uma vida boa. Eu moro com os meus pais, mas, quando estou com o time, fico no alojamento do clube - revelou.

DE OLHO NA EUROPA

Arez acredita que pode conquistar voos mais altos e vestir a camisa de um clube mais famoso, como os times da Europa. A inspiração para atingir a melhor forma em campo vem de um experiente jogador italiano, o volante Andrea Pirlo, da Juventus.
- Eu me espelho em Pirlo. Assisto aos jogos dele e busco ter a frieza, a habilidade e a tranquilidade que ele mostra em campo. Eu acho que ele é um dos melhores jogadores do mundo - analisou.
(Foto: Gabriel Peres/Divulgação)
Mas o primeiro passo para ser conhecido no cenário internacional é jogar por outro clube brasileiro. Arez fala que, devido à organização do clube, o objetivo na carreira é defender o Grêmio e ser treinado pelo experiente Luiz Felipe Scolari. Já quanto ao clube do exterior, a meta é mais alta, até chegar ao Barcelona, da Espanha.
- Se fosse no Brasil, queria jogar no Grêmio, por conta da torcida, e o clube que é organizado. Eles têm uma boa estrutura. Já fora, seria muito bom jogar no Barcelona, e dividir o time com aqueles craques. Vou manter meu trabalho forte para chegar em um clube desse nível - finalizou.

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