As últimas Gaeta*
Por Manoel Nazareno
Por Manoel Nazareno
Ele foi um dos maiores zagueiros que o mundo do futebol já viu jogar. Tão bom que o inigualável Domingos da Guia vendo-o jogar disse que gostaria de ser mais jovem para formar dupla de zaga com ele. Sim, sim... No tempo dele se tratava os defensores de hoje como zagueiros. Os nomes dos outros três, certamente, para fazer justiça, logo o leitor saberá...
Tuca. Este era o nome dele. O nosso homem que encheu os olhos do Divino. Porte
avantajado, como se fosse um zagueiro europeu. Nenhuma equipe brasileira deixou
de fazer propostas para tê-lo. Isto já era um orgulho para nós que o vimos
jogar na Gurita, nos Cardeiros, nos campos salgados de Alagamar e finalmente no
majestoso Walter Bichão. Era ele e mais dez, como se fala hoje de um certo
Lionel... Propostas europeias e asiáticas ele as teve incontáveis. O governo
português envidou esforços na tentativa de lhe conceder a cidadania lusitana
com o objetivo de disputar o campeonato mundial na Inglaterra. Ele preferiu
defender sempre as cores da sua amada cidade. E aqui encerrou sua longeva
carreira.
Não foram poucos os atacantes que tremeram diante da imponência de Tuca. Os
goleiros que aqui vinham jogar vinham com alegria. Na defesa do seu time havia
uma barreira intransponível: Tuca.
Uma passagem engraçada se deu com um atacante de um time da capital cujo nome
terminava em –inho (Ronaldinho?). Era um atacante veloz, que não encontrava
marcador eficiente nos times da capital. Até que veio jogar contra o time de
Tuca.
O tal do atacante fez questão de conversar com ele, antes do jogo começar. E
sentiu já a força do nosso zagueiro quando apertou sua mão: no rosto do
atacante escorreram algumas lágrimas diante da firmeza do aperto de mão do nosso
zagueiro. O atacante, pequenininho, saiu limpando o rosto e esfregando as
mãos... Quando a pelota rolou, no primeiro lance em que os dois disputaram a
pelota, o atacante da capital, diante da seriedade e virilidade do nosso
zagueiro, sentiu que ali havia encontrando um adversário imbatível. E descobriu
isto quando viu de baixo pra cima as travas pontiagudas das velhas Gaeta,
descendo zunindo quase que barbeando o seu rosto. O veloz atacante desistiu de
passar da linha média do campo.
Nunca foi campeão estadual nem nacional, é verdade. Mas não foi por causa do
seu eficiente futebol que os títulos não vieram. Do “mêi pra frente”, o
restante dos companheiros não eram eficientes no ataque como ele era na defesa.
Um gol que tomasse, numa falha do seu goleiro, que não era difícil de
acontecer, e o campeonato ia por água abaixo.
Se nunca participou de uma Copa do Mundo, sabemos bem o porquê. O preconceito
contra o jogador nordestino, que ainda é sentido hoje, era muito forte. Esteve
em diversas listas de pré-convocação para disputar uma copa, mas sempre fora
preterido em favor de jogadores do sul do país, mesmo sendo aqueles cabeças de
bagres comparados ao nosso zagueiro.
Mas para ser elogiado por Domingos da Guia, o maior zagueiro do futebol mundial
de todos os tempos, reconheçamos que era preciso ser muito acima da média dos
zagueiros do seu tempo. Compará-los com os defensores de hoje seria covardia.
Mesmo que tenhamos vistos zagueiros como Mauro Galvão, Ricardo Gomes, Gamarra,
Figueroa, Julio Cesar, Oscar, Luizinho, Rondinelli, aqui no Brasil, ou mesmo os
grandes zagueiro europeus como Baresi, Scirea, Gentile, Koeman.
Agora, para matar a curiosidade do leitor, que já deve estar puto com a demora,
quero trazer os nomes dos três zagueiros, personagem, embora escondidos,
importantes desta história. E eles, os três, foram os responsável pela
rememoração do nosso inesquecível Tuca. E Tuca foi chamado à discussão por
causa da disputa eliminatória da Taça Libertadores das Américas, entre o
Fluminense Football Club e o Olímpia do nosso vizinho Paraguai.
Os defensores do Fluminense nunca foram tão ruins como os que jogaram hoje. Eis
os nomes deles. Leandro Euzébio, Digão e Edinho. Tivessem um pouquinho mais de
calma os atacantes do time paraguaio e teriam goleado o time brasileiro que
sonhava em enfrentar o poderio alemão do Bayern Munchen. O tricolor nunca teve
uma defesa tão ruim. A classificação do time paraguaio se deu mais pela
ruindade dos defensores tricolores do que pela vontade dos atacantes guaranis.
Eis que Leandro Euzébio, Digão e Edinho sacramentaram a classificação do time
paraguaio. Agora o leitor sabe o nome dos outros personagens desta história.
Um amigo, torcedor tricolor como eu, mas que,também como eu, não rói mais as
unhas, quando viu o desmantelo dos nossos zagueiros perguntou-me:
- Não tem uns piores do que Edinho, Leandro Eusébio e Digão, não?
E eu respondi: Não troco o último par de chuteiras de Tuca por eles três!
(*) Marca de chuteira muito utilizada pelos grandes jogadores nos anos 50, 60.
bom dia,nesta foto,tem um amigo meu,meu vizinho,totinho,se possivel coloque os nomes de todos desta foto,agradeço.
ResponderExcluir