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Foto: Marcio Rodrigues |
Aos 36 anos, o potiguar Clodoaldo Silva já vive o clima de despedida das piscinas. Dono de 13 medalhas paralímpicas, o Tubarão quer aumentar esta conta para "pendurar a sunga", como o nadador brinca, nos Jogos Paralímpicos do Rio de Janeiro, em 2016. Em Natal como "turista", já que mora no Rio de Janeiro, participou de um seminário e prestigiou a abertura da sétima edição das Paralímpíadas Escolares, que pela primeira vez é realizada na capital potiguar. Mais de 700 atletas participam da competição, em oito modalidades diferentes, entre elas, a natação. Clodoaldo lembrou que não teve oportunidade de participar de um evento do mesmo porte quando adolescente. Por outro lado, se orgulha de, após as conquistas na carreira e a visibilidade internacional, ter conseguido abrir espaços para a inserção dos deficientes no cenário esportivo brasileiro.
- Eu comecei em 1996, como um processo de reabilitação, mas meus primeiros campeonatos oficiais foram em 1998. Infelizmente, eu não tive a oportunidade de participar desses campeonatos escolares para pessoas com deficiência. Eu já participei de algumas competições escolares, mas no âmbito convencional. Não tive essa oportunidade porque de 1996 até 2004, quase ninguém do Brasil sabia que pessoas com deficiência praticavam esporte.
Tudo mudou depois de 2004, com a realização das Paralimpíadas de Atenas, onde o Brasil saiu com 14 medalhas de ouro e eu consegui seis delas, além de uma de prata. Aquela visibilidade com o esporte paralímpico mudou para melhor, porque os investimentos começaram a aparecer, mais atletas surgiram e as Paralimpíadas Escolares já estão na sétima edição. Então, é um dos maiores campeonatos do mundo nesse segmento e eu fico muito feliz em ter contribuído, porque com aquelas conquistas de 2004, empresas começaram a investir e novas competições foram sendo executadas. Eu fiquei muito feliz em participar da abertura das Paralimpíadas Escolares em Natal, na minha terra que amo de paixão, que eu adoro e pude ver uma rivalidade muito grande, mas ao mesmo tempo, crianças e adolescentes com uma gana muito grande de vencer no esporte - contou.
Clodoaldo Silva nasceu no bairro de Mãe Luiza, na zona Leste de Natal. A região, conhecida pelos índices de violência, busca se reinventar com projetos sociais para atender à comunidade. A família do nadador ainda vive na região e, por isso, Clodoaldo não perde a chance de desfrutar dos poucos momentos com a mãe e os amigos.
- É um sentimento muito bom, principalmente porque eu mantenho as raízes. Quando eu vou para um campeonato internacional, eu sinto muito alegria quando eu vejo estampando que 'o potiguar Clodoaldo Silva conseguiu medalhas'. Por ser do Rio Grande do Norte e, principalmente, por ser de Natal, me orgulha muito mais ser de Mãe Luiza, do bairro que há pouco tempo era conhecido pela violência. Nasci e me criei ali, a minha vida inteira foi no bairro, a minha mãe mora lá e, mesmo tendo alguns imóveis em outra parte da cidade, eu faço questão de quando estou em Natal, ficar em Mãe Luiza - revelou.
RIO 2016: FIM DA CARREIRA
Clodoaldo vai para a quinta participação em Jogos Paralímpicos. A edição no Rio de Janeiro vai ser a última do nadador. O currículo do Tubarão transformou a história do paradesporto brasileiro. A busca pela melhoria nas condições de treinamento e a inclusão social para os deficientes com o uso do esporte são os motivos que o potiguar espera defender após encerrar a carreira. Antes disso, ele sonha com mais uma medalha e a realização da competição no Brasil tornou-se um motivo a mais para lutar pelo título.
SOFRIMENTO COM O ABC
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Foto: Washington Alves |
Além das piscinas, outra paixão de Clodoaldo Silva é pelo futebol. Torcedor declarado do ABC, o nadador ainda lamenta o rebaixamento do Mais Querido à Série C do Campeonato Brasileiro. Em um ano que deveria ser de alegria para o clube e para a torcida, por conta da comemoração do centenário, o que se viu foi a perda do estadual para o rival América-RN, a eliminação em casa na Copa do Brasil e péssima campanha na Segundona. Para Clodoaldo, o ABC precisa refletir com os erros cometidos esse ano e buscar soluções para 2016.
- A gente tem altos e baixos nas nossas carreiras e muitas vezes esses baixos são consequências de erros na caminhada. Que a gente tenha a oportunidade de ver sempre a coisa boa e ter a chance de consertar esses erros. Muitas vezes, a queda é brusca, mas o clube pode se levantar e fazer melhor no próximo ano. Espero que o ABC volte para o lugar de onde não deveria ter saído. Essa é a torcida do nadador, mas, principalmente, do torcedor Clodoaldo Silva. Eu sou um cara que vibro e me emociono com o Alvinegro, mas que essa queda sirva como uma reflexão de 2015 e o clube possa conquistar o acesso à Série B em 2016 e, quem sabe, o ABC possa jogar a tão sonhada primeira divisão do futebol nacional - concluiu.
FONTE: GloboEsporte.com/RN