Macau RN, junho de 1958.
Getúlio, Chiquinho e Paulo dentre outros
Na Praça da Conceição ouvindo os jogos da copa.
Arquivo de Getúlio Teixeira
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Eu tinha 5 anos, quase 6 e antes da lembrança da copa de futebol
chega-me a doce lembrança da pamonha e da canjica dos junhos e das montanhas de
milho verde no mercado. 1958 e o Brasil foi para a Europa jogar futebol num país
chamado Suécia, que nunca ouvira falar, mas que diziam ser muito frio. Que eu
me recordo, até aquela época, futebol era o campo do Cruzeiro por trás da nossa casa onde os salineiros jogavam aos domingos com bolas
de capotão. Morávamos na Martins Ferreira de onde víamos as pirâmides de
sal, de onde vinha o vento leste a nos refrescar as tardes e de onde ouvíamos
os gritos de gol do campo do Cruzeiro. 1958 e na Martins Ferreira a festa era toda na calçada de uma prima de mamãe,
Guidinha Paiva, casada com Pedrinho Xavier que tinha um rádio e o colocava na janela e o povo se concentrava na frente da
sua casa a pular, a dançar e a gritar gol. E a cada gol do Brasil, o senhor
Moisés soltava foguetões. Foram muitos foguetões. E por fim o Brasil foi
campeão e a alegria do povo sem tamanho e comemorada nas ruas e becos como se
fosse um carnaval. Estávamos todos felizes. E os homens falavam orgulhosos: — Agora que nos aguentem, somos
campeões do mundo! Naquela copa, acho que só mamãe e Conceição, uma negra forte
que trabalhava em nossa casa não viram o senhor Moisés soltar foguetões: mamãe
a costurar as palhas de milho na máquina Elgin e Conceição a mexer a panela do
milho.
De Claudio Guerra para o baú de Macau. Das
recordações de Maria do Rosário
FONTE: Baú de Macau
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