Meninos, (sim, meninos, porque quando uma seleção é eliminada na Copa do
Mundo, não há mais homens no gramado. Há meninos. Com olhos vazios, sem rumo e
sem qualquer indício de vergonha ou de pudor.) Escrevo só para agradecer.
Agradecer porque vocês nos fizeram sentir o que há muito tempo não sentíamos.
Agradeço porque o desfecho traumático não anula a alegria vivida. E por
saber que vocês vão ter que encarar aqueles brasileiros de momento, que até
ontem tinham orgulho e hoje já acham que “isso é Brasil”. Mas não se preocupem,
para nós também é difícil suportá-los. Tamo junto. E o fato é que a tristeza é
geral: do campo, do banco de reservas, da arquibancada, do sofá da sala, do
banco do bar, da sarjeta. Mas, por favor, entendam, nós não estamos tristes com
vocês, estamos tristes JUNTO com vocês. E tanto é assim que posso garantir que
milhares de brasileiros queriam poder dar em vocês hoje o abraço que o David
Luiz deu no James depois da eliminação da Colômbia. Obrigada, meninos. Obrigada
por me lembrarem de que eu nunca quis ser europeia.
Alemã, holandesa, francesa,
belga… Nem que me dessem um belo par de olhos claros. Que o que eu quero sempre
é minha camisa amarela, minhas emoções escancaradas, quero o choro embriagado
de hoje, esquizofrenicamente orgulhoso de ser quem somos até quando estamos
apanhando como apanhamos. Abracem seus pais. Seus filhos. Suas mulheres. Seus
amigos. Façam isso por nós, que queríamos abraçá-los talvez até mais do que
iríamos querer se ganhássemos a Copa. E continuem sendo assim, brasileiros,
acima de tudo. No cabelo enrolado, nas danças no vestiário, nos abraços
verdadeiros, nos choros sofridos, na oração sincera e na certeza de que, bem ou
mal, a gente segue em frente. 7 a 1? Dane-se. Vocês me representam. E não é
pela bola que jogam, é pelos caras que são.
ENVIADO POR: Manoel Nazareno
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