quinta-feira, 30 de abril de 2015

POTIGUAR 2015: Fora das quatro linhas, decisão no RN tem treinadores de estilos distintos

Foto: Jocaff Souza/GloboEsporte.com
O encontro entre ABC e América-RN na decisão do Campeonato Potiguar deste ano marca um duelo de personalidades fora das quatro linhas. De um lado, o técnico linha dura do Alvirrubro. Do outro, o carioca boa praça do Alvinegro. Roberto Fernandes e Josué Teixeira têm estilos completamente diferentes, mas contam com o respeito dos torcedores, cada um ao seu jeito.


O treinador americano é explosivo, esbraveja bastante, participa muito durante os jogos.
- Eu escuto a bronca dele, o assovio, a gente escuta tudo! É muito próximo - disse Josué Teixeira.

No primeiro jogo da final do estadual, Roberto esteve tão nervoso que chegou a discutir levemente com os próprios torcedores alvirrubros, que reclamavam do pênalti perdido pelo atacante Max. O técnico deu as costas na hora da cobrança e chegou a dizer que pediu ao camisa 9 que mudasse a maneira de bater. 

- Fui eu quem bati? O cara é o artilheiro do time! - gritou o treinador em direção às cadeiras atrás do banco de RESERVAShttp://cdncache-a.akamaihd.net/items/it/img/arrow-10x10.png.

Bem mais tranquilo que o adversário, Josué Teixeira pouco se altera durante as partidas. No primeiro clássico da decisão, porém, foi provocado pela torcida rival e respondeu com gesto provocativo, pedindo mais vaias.

- São estilos diferentes. Isso que é gostoso. No futebol, não existe uma regra única. Cada um tem a sua forma de trabalhar - conta Roberto Fernandes.

Foto: Augusto Gomes/GloboEsporte.com
Ao contrário de Fernandes, o abecedista nunca foi muito de esconder o jogo, mas causou surpresa a todos quando entrou com três volantes no lugar dos costumeiros três atacantes no jogo de quarta-feira. O sistema diferente não funcionou, entretanto o treinador não considerou um erro mudar a equipe de uma hora para outra.

- Não considero um um erro ter usado três volantes. O América-RN veio com três meias e eu só ia ter dois homens para fazer o combate - justificou Josué. 

Fã de rock progressivo e de um bom samba de raiz, o "bravo" Roberto Fernandes considera parte dessa história de ser durão como uma espécie de lenda urbana.

- Tem muito folclore. Você precisa ter equilíbrio nas duas coisas. Os atletas que trabalham e convivem comigo sabem que eu sei distinguir o momento de relaxamento, o momento da brincadeira, da descontração. Agora, no trabalho a intensidade tem que ser máxima. O comprometimento e a disciplina têm que ser máximos - sintetiza.

No dia a dia, o "tranquilão" Josué Teixeira ganha a todos com a simplicidade e a forma carinhosa com que trata os funcionários do clube.

- Eu vejo importância realmente em todos os funcionários. Um clube para dar certo tem que estar tudo funcionando bem. O ambiente nosso tem que ser muito bom. As pessoas têm que sentir prazer de trabalhar com a gente. A minha vaidade é, estando em um cargo realmente importante no ABC, fazer um grande trabalho. Para chegar a um resultado final com vitória, com um ambiente bom, tudo isso tem que passar pelo relacionamento. Quando saí do Macaé, as tias da cozinha choravam porque eu estava indo embora - lembra.

Esse traço da personalidade de Josué ficou ainda mais claro quando o capitão do time alvinegro, Leandro Amaro, foi indagado sobre o treinador após a conquista do segundo turno do Campeonato Potiguar.

- Ele ganhou a gente para ele. Ele não é nosso treinador, é um pai para a gente - frisou Amaro.

Embora no campo de jogo sejam antagônicos, os dois são grandes admiradores das artes. Após os trabalhos desenvolvidos no Piauí e no Maranhão, Josué tornou-se um apreciador da cultura e, principalmente, da música nordestina.

Foto: Carlos Cruz
- Eu sou um carioca que não gosta muito de pagode, não. Eu gosto muito de forró e de sertanejo. Eu falava, quando estava no Macaé recentemente, que tinha que voltar para o Nordeste porque eu gosto muito do clima, do povo e da forma como eles vivem. Eu gosto muito do Nordeste e ouvir um forrozinho ou sertanejo é sempre muito bom - brinca.

RF é cinéfilo. O vício em filmes o fez montar um cinema dentro da própria casa.

- Eu sou cinéfilo. Adoro o cinema. Achei muito legal essa repaginação dos cinemas, com salas mais confortáveis. Às vezes, por conta da profissão, você não consegue ir para o cinema. Então, não abro mão de ter o meu cinema em casa. Mesmo com toda a correria, pelo menos duas ou três vezes na semana, eu assisto filme. Adoro cinema, adoro teatro e amo música. Das sete artes, cinema, teatro e música são coisas que me fascinam. No meu momento de lazer, quando não consigo ir à praia, eu assisto a muitos filmes - revela.

Adepto de frases de efeito, o treinador do Mecão também conta que a leitura faz parte do seu dia a dia.

- Tem um monte de frases que eu gosto, mas eu fico com: 'Pior do que a tristeza da derrota é a vergonha de não ter lutado'. Essa frase é do brasileiro, tem que representar o brasileiro, porque o brasileiro, por si só, é um batalhador. É muita dificuldade, é muita discrepância social, financeira. Essa frase sintetiza muito o brasileiro e é de um brasileiro - comenta.

Josué também é fã dos livros e conta que sua principal leitura é sobre liderança, mas, como a maioria dos cariocas, não dispensa uma visita à praia.
- Quando não estou no clube, estou em casa estudando ou lendo um livro. Gosto de ler muitos livros sobre liderança. Sempre que possível, a gente está fazendo uma leitura. Às vezes, a gente vai pegar uma praia. Já fui em Ponta Negra, já conheci outras praias como Búzios, e aquelas outras que têm um monte de nome difícil que eu não consegui gravar ainda, mas a gente espera, na sequência, poder conhecer tudo - fala.

Para embalar as vitórias, os treinadores escolhem suas canções favoritas:
- Tem uma música que o Frank Sinatra gravou que é 'My way' (ouça aqui). Eu acho que é uma música fantástica. Diz exatamente vários sentimentos, várias coisas que bate muito com aquilo que eu acredito, com aquilo que eu penso. Essa é uma música de referência para mim - descreve Josué.

Roberto elege um samba do grupo Revelação para combinar com as histórias que o futebol lhe proporcionou e não esquece também da música de sua terra natal.
-  Talvez, 'Tá Escrito', do Revelação (ouça aqui). É uma música que tem uma letra muito bonita. Tem também um frevo pernambucano chamado 'Madeira que cupim não rói' (ouça aqui), que também é muito legal. Fala disso, de pessoas guerreiras, de batalhadores, pessoas que não esmorecem na dificuldade e  que crescem na adversidade - conclui.

O confronto de personalidades à beira do gramado volta a acontecer no sábado, às 16h, no Estádio Frasqueirão. O primeiro jogo terminou empatado 1 a 1. Em caso de novo empate, a decisão vai para os pênaltis. A vitória dá o título de maneira direta ao time que for superior no confronto.

FONTE: GloboEsporte.com/RN

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