Foto: Jocaff Souza/GloboEsporte.com |
O encontro entre ABC e América-RN na decisão do Campeonato Potiguar
deste ano marca um duelo de personalidades fora das quatro linhas. De um lado,
o técnico linha dura do Alvirrubro. Do outro, o carioca boa praça do Alvinegro.
Roberto Fernandes e Josué Teixeira têm estilos completamente diferentes, mas
contam com o respeito dos torcedores, cada um ao seu jeito.
O treinador americano é
explosivo, esbraveja bastante, participa muito durante os jogos.
- Eu
escuto a bronca dele, o assovio, a gente escuta tudo! É muito próximo - disse
Josué Teixeira.
No primeiro jogo da final do
estadual, Roberto esteve tão nervoso que chegou a discutir levemente com os
próprios torcedores alvirrubros, que reclamavam do pênalti perdido pelo
atacante Max. O técnico deu as costas na hora da cobrança e chegou a dizer que
pediu ao camisa 9 que mudasse a maneira de bater.
- Fui
eu quem bati? O cara é o artilheiro do time! - gritou o treinador em direção às
cadeiras atrás do banco de RESERVAS.
Bem
mais tranquilo que o adversário, Josué Teixeira pouco se altera durante as
partidas. No primeiro clássico da decisão, porém, foi provocado pela torcida
rival e respondeu com gesto provocativo, pedindo mais vaias.
- São
estilos diferentes. Isso que é gostoso. No futebol, não existe uma regra única.
Cada um tem a sua forma de trabalhar - conta Roberto Fernandes.
Foto: Augusto Gomes/GloboEsporte.com |
Ao
contrário de Fernandes, o abecedista nunca foi muito de esconder o jogo, mas
causou surpresa a todos quando entrou com três volantes no lugar dos
costumeiros três atacantes no jogo de quarta-feira. O sistema diferente não
funcionou, entretanto o treinador não considerou um erro mudar a equipe de uma
hora para outra.
- Não
considero um um erro ter usado três volantes. O América-RN veio com três meias
e eu só ia ter dois homens para fazer o combate - justificou Josué.
Fã de
rock progressivo e de um bom samba de raiz, o "bravo" Roberto
Fernandes considera parte dessa história de ser durão como uma espécie de lenda
urbana.
- Tem
muito folclore. Você precisa ter equilíbrio nas duas coisas. Os atletas que
trabalham e convivem comigo sabem que eu sei distinguir o momento de
relaxamento, o momento da brincadeira, da descontração. Agora, no trabalho a
intensidade tem que ser máxima. O comprometimento e a disciplina têm que ser
máximos - sintetiza.
No dia
a dia, o "tranquilão" Josué Teixeira ganha a todos com a simplicidade
e a forma carinhosa com que trata os funcionários do clube.
- Eu vejo importância realmente
em todos os funcionários. Um clube para dar certo tem que estar tudo
funcionando bem. O ambiente nosso tem que ser muito bom. As pessoas têm que
sentir prazer de trabalhar com a gente. A minha vaidade é, estando em um cargo
realmente importante no ABC, fazer um grande trabalho. Para chegar a um
resultado final com vitória, com um ambiente bom, tudo isso tem que passar pelo
relacionamento. Quando saí do Macaé, as tias da cozinha choravam porque eu
estava indo embora - lembra.
Esse
traço da personalidade de Josué ficou ainda mais claro quando o capitão do time
alvinegro, Leandro Amaro, foi indagado sobre o treinador após a conquista do
segundo turno do Campeonato Potiguar.
- Ele
ganhou a gente para ele. Ele não é nosso treinador, é um pai para a gente -
frisou Amaro.
Embora
no campo de jogo sejam antagônicos, os dois são grandes admiradores das artes.
Após os trabalhos desenvolvidos no Piauí e no Maranhão, Josué tornou-se um
apreciador da cultura e, principalmente, da música nordestina.
Foto: Carlos Cruz |
- Eu
sou um carioca que não gosta muito de pagode, não. Eu gosto muito de forró e de
sertanejo. Eu falava, quando estava no Macaé recentemente, que tinha que voltar
para o Nordeste porque eu gosto muito do clima, do povo e da forma como eles
vivem. Eu gosto muito do Nordeste e ouvir um forrozinho ou sertanejo é sempre
muito bom - brinca.
RF é
cinéfilo. O vício em filmes o fez montar um cinema dentro da própria casa.
- Eu
sou cinéfilo. Adoro o cinema. Achei muito legal essa repaginação dos cinemas,
com salas mais confortáveis. Às vezes, por conta da profissão, você não
consegue ir para o cinema. Então, não abro mão de ter o meu cinema em casa.
Mesmo com toda a correria, pelo menos duas ou três vezes na semana, eu assisto
filme. Adoro cinema, adoro teatro e amo música. Das sete artes, cinema, teatro
e música são coisas que me fascinam. No meu momento de lazer, quando não
consigo ir à praia, eu assisto a muitos filmes - revela.
Adepto de frases de efeito, o
treinador do Mecão também conta que a leitura faz parte do seu dia a dia.
- Tem
um monte de frases que eu gosto, mas eu fico com: 'Pior do que a tristeza da
derrota é a vergonha de não ter lutado'. Essa frase é do brasileiro, tem que
representar o brasileiro, porque o brasileiro, por si só, é um batalhador. É
muita dificuldade, é muita discrepância social, financeira. Essa frase
sintetiza muito o brasileiro e é de um brasileiro - comenta.
Josué
também é fã dos livros e conta que sua principal leitura é sobre liderança,
mas, como a maioria dos cariocas, não dispensa uma visita à praia.
-
Quando não estou no clube, estou em casa estudando ou lendo um livro. Gosto de
ler muitos livros sobre liderança. Sempre que possível, a gente está fazendo
uma leitura. Às vezes, a gente vai pegar uma praia. Já fui em Ponta Negra, já
conheci outras praias como Búzios, e aquelas outras que têm um monte de nome
difícil que eu não consegui gravar ainda, mas a gente espera, na sequência,
poder conhecer tudo - fala.
Para
embalar as vitórias, os treinadores escolhem suas canções favoritas:
- Tem
uma música que o Frank Sinatra gravou que é 'My way' (ouça aqui). Eu acho que é uma música fantástica.
Diz exatamente vários sentimentos, várias coisas que bate muito com aquilo que
eu acredito, com aquilo que eu penso. Essa é uma música de referência para mim
- descreve Josué.
Roberto
elege um samba do grupo Revelação para combinar com as histórias que o futebol
lhe proporcionou e não esquece também da música de sua terra natal.
-
Talvez, 'Tá Escrito', do Revelação (ouça aqui). É uma música que tem uma letra muito
bonita. Tem também um frevo pernambucano chamado 'Madeira que cupim não rói' (ouça aqui), que também é muito legal. Fala disso,
de pessoas guerreiras, de batalhadores, pessoas que não esmorecem na
dificuldade e que crescem na adversidade - conclui.
O
confronto de personalidades à beira do gramado volta a acontecer no sábado, às
16h, no Estádio Frasqueirão. O primeiro jogo terminou empatado 1 a 1. Em caso
de novo empate, a decisão vai para os pênaltis. A vitória dá o título de
maneira direta ao time que for superior no confronto.
FONTE: GloboEsporte.com/RN
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