segunda-feira, 29 de maio de 2017

Em Natal, Bernardinho revela "falta danada" da seleção e promessa a "papai do céu".

Bernardinho, ex-técnico da seleção masculina de vôlei e campeão olímpico na Rio 2016, participou de um bate-papo com crianças e adolescentes em uma escola particular de Natal, na manhã desta segunda-feira. O encontro também contou com a presença dos alunos do projeto "Vôlei em Rede", mantido pelo Instituto Compartilhar, que atende estudantes da rede pública. Além de compartilhar seu conhecimento com as lições do esporte, também teve que responder a uma plateia atenta e ávida por ouvir o ídolo. Entre os questionamentos, o feito pelo garoto Kauã Vinicius, de 10 anos, foi o que mais chamou atenção: "Por que você decidiu deixar a seleção após a Olimpíada?".
- Eu já estava há 23 anos nas seleções feminina e masculina. É difícil responder porque eu estou sentindo uma falta danada da seleção. Queria até voltar, mas não dá para voltar, não - disse, arrancando algumas risadas.
Ainda na resposta a Kauã, Bernardinho destacou também que era hora de buscar novos desafios profissionais e, consequentemente, ter mais tempo para a família.
- A seleção exige muito da gente. Minha família, muitas vezes, ficava em segundo plano. Era viagem com a seleção, treinamento, passava seis meses do ano fora de casa. A primeira festa junina da minha filha de 15 anos que fui na escola dela foi há três anos. Nunca tinha ido porque estava sempre viajando. Reunião de pais? Eu quase nunca ia. Isso começou a me fazer mal. Eu via que estava muito ausente. Estava lutando pelas minhas coisas, mas muitas vezes estava distante demais da minha família - lembrou.
A saída da seleção também tem um capítulo que, segundo ele, não tinha sido revelado antes: uma promessa feita a "papai do céu" no jogo contra a Argentina, pelas quartas de final da Rio 2016.
- Não sou um cara tão religioso, e eu juro a vocês que nunca envolvi 'papai do céu' nos jogos de voleibol. Acho que 'papai do céu' tem coisas mais importantes a fazer do que pensar no voleibol. Mas no jogo contra a Argentina, nas quartas de final, o Lucarelli sentiu uma contusão na coxa. Depois, o Lipe travou as costas e teve que sair também. Aí eu confesso que naquele momento evoquei 'papai do céu'. 'Papai do céu, estou pedindo para você me ajudar para ninguém se machucar mais, se não vamos perder essa partida e vamos sair da Olimpíada. Se o senhor me ajudar, eu não peço mais nada'. E para não pedir mais nada, eu tenho que ir embora. Eu fiz a promessa que iria sair da seleção depois de ganhar aquilo ali. Ele ajudou a gente, os jogadores voltaram e a gente ganhou a Olimpíada. Eu tinha que cumprir minha promessa a 'papai do céu', né? Essa eu nunca contei para ninguém. Contei para você (Kauã) porque você é bom - falou Bernardinho.


Casamento especial


O técnico campeão olímpico sempre vem a Natal para acompanhar o desenvolvimento do projeto "Vôlei em Rede" e, desta vez, conciliou a agenda com o casamento da jogadora Amanda Campos com o preparador físico Tagor Barcellos. A cerimônia foi realizada no sábado, e Bernardinho e a mulher Fernanda Venturini foram padrinhos. O levantador Bruninho, filho de Bernardinho, também esteve presente e, no dia seguinte, viajou para se apresentar à seleção que vai disputar a Liga Mundial, agora sob o comando de Renan Dal Zotto. A ex-levantadora Fofão, e as jogadoras Juciely, Natália e Monique também prestigiaram a amiga no casamento. Amanda, que disputou a última Superliga Feminina pelo Brasília, acertou recentemente com o Praia Clube, de Uberlândia.
- Amanda é uma menina excepcional. Nasceu em Touros e começou a jogar em Natal, com Suzet e Breno Cabral. Depois, foi para o Rio de Janeiro jogar comigo e hoje está na seleção brasileira. Ela me convidou para ser padrinho e me senti homenageado pelo carinho conosco. A minha relação com Natal é visceral. Começou com Virna lá atrás. Minha amizade com Breno e Suzet é de décadas. Uma vez por ano estou aqui. Não tenho muito tempo para lazer, mas desta vez passei o fim de semana inteiro. Foram dias incríveis, minha filha de 7 anos não conhecia Natal e aproveitou o mar de Ponta Negra. Agora, finalizo com essa visita e o encontro com jovens, que é sempre muito especial - comentou.
Bernardinho frisou ainda que a mudança no comando técnico dá um novo ânimo para os jogadores e destacou que ficará na torcida para que o trabalho continue vitorioso com o amigo Renan.
- A falta da seleção que está me fazendo, a distância da seleção é muito dura neste momento. Depois de 23 anos, era o momento de sair, abrir espaço para outros, e buscar outras oportuniades e desafios. É uma fase de mudança, mas era necessária. É um novo estímulo à seleção. Renan é um grande amigo, um irmão que o voleibol me deu. Além de preparado, inteligente e perspicaz, é um cara que tem uma relação humana muito boa e certamente vai fazer um grande trabalho. Vai estrear na sexta-feira, contra a Polônia, na Liga Mundial, e tenho certeza que vai ser uma campanha exitosa. Fizemos um traballho de renovação muito grande nos últimos quatro anos, e o grupo chega muito pronto para esse novo ciclo que se inicia e que vai findar em Tóquio 2020 - finalizou.
FONTE : GloboEsporte.com/RN

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